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[FLH0401-8] Teoria da História I

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Depois de terem apresentado as bases conceituais de sua proposta de história, Marx e Engels dão um exemplo de como ela deve ser escrita. Assim, descrevem o surgimento do capitalismo desde a aparição das cidades medievais com a fuga dos servos e a dissolução do feudalismo, passando pela formação das corporações de ofício, pela separação entre produção e consumo, pelo surgimento das manufaturas até chegar à produção maquino-fatureira, resultante da Revolução Industrial. É uma história marcada pela divisão do trabalho, pelo desenvolvimento das forças produtivas e pela transformação periódica das relações sociais.
Paralelamente à descrição da história do capitalismo, Marx e Engels explicam a formação da classe burguesa a partir de sua oposição à nobreza feudal. Eles descrevem as condições sociais estabelecidas por essa classe e esclarecem a razão pela qual ela acredita viver em liberdade. Essa liberdade relaciona-se ao poder estranho que organiza a sociabilidade, mas que não é percebido, gerando a sensação da escolha individual e do que os autores chamam de "desfrute do acaso". No entanto, o indivíduo assim constituído é "abstrato", que só é reconhecido como indivíduo ao se sociabilizar pelo mercado. Nessas condições, a autoatividade que deve constituir o indivíduo concreto se separa do trabalho, realizado pelo trabalhador para o capital, e se perde completamente, condenando proletários e burgueses a uma existência alienada.
Marx e Engels definem sociedade civil e continuam sua explicação da história como processo de resolução e retomada permanente da contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas e as formas das condições sociais que ensejam tal desenvolvimento. Nos períodos em que a contradição não irrompe, o indivíduo pode imaginar ser livre e realizar-se plenamente, reconhecendo no Estado uma instituição promotora da justiça pública. No entanto, quando irrompe a contradição torna-se claro que a liberdade individual é unilateral e que o Estado é defensor dos interesses da classe dominante. Esses pontos definem o campo prático do que Marx e Engels chamam de ideologia, para além de sua crítica filosófica a Feuerbach, Stirner e Bauer.
Depois de esclarecer que a mercadoria de que trata no primeiro capítulo de “O capital” é aquela já determinada pelo modo de produção capitalista, Marx procede à sua análise e chega a seus dois elementos componentes: valor de uso e valor de troca. Ele examina cada um em separado e mostra como ambos formam uma unidade de qualidade e quantidade. O valor de uso, que aparece inicialmente como mera qualidade, revela-se também determinado pela quantidade; e o valor de troca, que, à primeira vista, parece ser mera relação quantitativa, também revela sua dimensão qualitativa. Nessa dimensão, ele se determina mais exatamente como "valor". Agora, a unidade de quantidade e qualidade se revela propriamente como medida.
Marx define valor como a propriedade ou a qualidade que permite às mercadorias serem comparadas e trocadas umas pelas outras e explica que a única qualidade em comum a qualquer mercadoria é ser fruto de trabalho humano. Essa abstração, que é uma operação real, do ato de troca, e não um conceito estabelecido subjetivamente pelo cientista, ocorre dentro do próprio trabalho, de modo que a qualidade comum a todas as mercadorias é ser resultado de trabalho abstrato, puro dispêndio de energia física e mental humana. O trabalho abstrato é medido por sua duração, o tempo cronológico no qual é realizado, e é o tempo social médio empregado para produzir uma mercadoria, e não o tempo que um trabalhador individual qualquer leva para produzi-la. Marx define ainda o conceito de força produtiva, distinguindo produto em geral de mercadoria.
Depois de diferenciar valor de uso de valor, Marx explica a dupla dimensão do trabalho que produz cada um desses aspectos, isto é, o trabalho útil, produtor de valores de uso, e o trabalho abstrato, produtor de valores. Ele explica a divisão do trabalho como um sistema que vai do geral ao específico na produção de valores de uso e define, em contrapartida, o trabalho abstrato produtor de valor como puro dispêndio de energia física e mental. Por fim, ele retoma o problema da medida, ao explicar como o incremento da força produtiva simultaneamente aumenta a quantidade de valores de uso qualitativamente definidos e diminui a quantidade do tempo necessário para produzir cada valor de uso. Com isso, Marx começa a apresentar a diferença entre trabalho útil e abstrato como uma oposição dialética.
No posfácio da segunda edição alemã de “O capital”, de 1873, Marx explica as modificações em relação à primeira edição e comenta a recepção que ela havia tido na Alemanha em função das condições sociais específicas desse país. O mais importante, porém, é que, acusado de hegelianismo por sua adesão à dialética, Marx esclarece a diferença de sua concepção de dialética em contraposição à de Hegel, enfatizando as questões formais pela qual sua dialética destaca o elemento negativo dentro do positivo, ao contrário de Hegel, que destaca o elemento positivo dentro do negativo. A implicação disso é a crítica radical, que Marx propõe no lugar da conciliação hegeliana.
Na última parte do primeiro capítulo de “O capital”, Marx explica o conceito de fetichismo da mercadoria, isto é, do "quiproquó" pelo qual as relações sociais entre os produtores individuais de mercadoria aparecem como relações entre os produtos de seu trabalho. Como cada produtor é proprietário privado de seus meios de produção, ele trabalha privadamente, separadamente dos demais, e seu trabalho individual só assumirá dimensão social com a troca de seu produto pelos produtos de outros produtores privados. A relação entre esses produtores é coisificada e a relação entre seus produtos adquire a aparência de uma relação social, numa inversão peculiar à sociedade capitalista.
Marx ressalta que a cisão da mercadoria em valor de uso e valor, ou, a cisão do trabalho em trabalho útil e abstrato, não é obra de uma ação consciente e, sim, de um movimento de troca que se autonomiza em relação a toda consciência e vontade individual. Marx esclarece os traços fundamentais dessa situação tipificando formas sociais distintas, como a produção feudal da Idade Média europeia, a comunidade agrícola patriarcal e uma "associação de homens livres" pós-capitalista, nas quais o trabalho aparece de modo imediatamente social, sem passar pela mediação da troca de produtos e suas formas de naturalização da sociabilidade. Por fim, Marx apresenta uma versão mais elaborada de sua teoria materialista da história, na qual outras instâncias sociais além da economia "desempenham papel principal", uma vez que esse papel lhes tenha sido atribuído por uma forma específica pela qual os seres humanos "produzem sua vida".
Aqui, serão examinadas as formas de consciência correspondentes ao fetiche da mercadoria. Em primeiro lugar, a dos agentes econômicos, para quem as relações sociais invertidas "aparecem como o que são": não é em sua consciência que a realidade social se inverte e, sim, na própria realidade fetichista. Em segundo lugar, como a própria palavra "fetichismo" indica, o campo da consciência religiosa, com a crença em poderes que escapam ao humano e na existência de um ser humano abstrato, correspondente à abstração do trabalho efetuada cotidianamente pelo processo de troca. Por fim, os conceitos da economia política que, no máximo, conseguem captar o conteúdo do valor, mas nunca sua forma, isto é, sua forma social, a troca como um modo historicamente determinado de sociabilidade.
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